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6. Princípio da aceitação e da alteridade

Nada há de errado em mim, na minha vida, no mundo e no outro. Tudo acontece em perfeita consonância com o nível de evolução em que estamos. Aceitar essas condições, sem conformismo, implica compreendê-las como instrumentos para o nosso crescimento interior .

Os percalços da nossa vida, assim como todo o mal que há no mundo é reflexo do que somos. Se nada tivéssemos com o que está ao nosso redor, já não estaríamos neste planeta.

A família (pai, mãe, filhos, cônjuge), a condição financeira, o status, o meio em que vivemos, a aparência física, enfim, tudo o que nos rodeia constitui o “legado de Deus” para o nosso crescimento. Isso significa que é dentro desse campo, dentro desse limite, que devemos trabalhar as nossas dificuldades interiores, de nada adiantando focar nossa atenção no legado do vizinho. Assim, recebemos a pobreza para aprendermos a viver com o essencial; recebemos a riqueza para aprendermos a dividir; estamos no último lugar na escala social para combatermos nosso orgulho; estamos no topo do mundo para testarmos nosso senso de justiça. E se precisamos vivenciar situações aparentemente adversas em nossa vida e no mundo, é porque ainda temos o que aprender com elas.

Nada está errado no mundo e na nossa vida, uma vez que as condições em que vivemos são meros reflexos do que somos. Entender isso é o primeiro passo para nos motivarmos à mudança.

Aceitar a mim mesmo, aceitar o mundo material, aceitar o outro.

Aceitar a mim mesmo como ser imortal em processo de evolução, portanto marcado pelas imperfeições, mas que traz em seu interior, gravadas em sua essência espiritual, todas as virtudes e todas as leis divinas. Aceitar-nos implica também adequar-nos à forma como nos apresentamos nessa encarnação, entendendo que essa aparência física é necessária ao meu crescimento: gordo ou magro, feio ou bonito, alto ou baixo, deficiente físico ou não, branco ou negro, amarelo ou vermelho. Todas essas condições auxiliam-nos na quebra de paradigmas. A não aceitação dessas condições geralmente demonstra o nosso preconceito em relação a elas e o nosso orgulho por nos acharmos acima delas.

A autoaceitação significa nos aceitarmos, nos compreendermos e nos amarmos apesar de conscientes das nossas imperfeições e fraquezas. Somos imperfeitos como todos os demais habitantes do planeta. E não há motivo para nos envergonharmos disso, porque também sabemos das nossas qualidades e da nossa finalidade na Terra que é lutar pelo nosso progresso e chegar à UNIDADE.

Aceitar o mundo material, o planeta com suas condições adversas, as diferenças geográficas e culturais, os povos, as imposições econômicas; os grupos que fazem parte das minhas relações interpessoais (família, trabalho, escola, vizinhos, etc.), entendendo que esse é o meu ambiente de trabalho, ou seja, o ambiente dentro do qual devo me transformar. Também dentro desse aspecto estão as minhas condições financeiras, a minha situação social e a minha nacionalidade, que são as minhas ferramentas e os meus instrumentos de autotransformação.

Quando aplicamos o princípio da aceitação às pessoas, grupos, comunidades, religiões, culturas etc. exercitamos a ética da alteridade, ou seja, exercitamos nossa capacidade de entender, valorizar, considerar e respeitar as diferenças, reconhecendo plenamente o direito do outro ser ele mesmo, uma individualidade, uma manifestação humana.

O princípio da aceitação e da alteridade sugere que entendamos as pessoas com suas diferenças, aprendendo a amá-las como são, compreendendo o fato de que, como nós, toda a humanidade faz o melhor que pode, agindo de acordo com a sua evolução e, portanto, de acordo com sua compreensão da própria realidade física e espiritual.

Assim, é absurdamente injusta a pretensão de moldá-las aos nossos conceitos para a nossa própria satisfação. Se cada um é produto de suas próprias vivências, como podemos pretender que o outro se modifique segundo o modelo que fixamos em nossa mente e que é fruto do nosso próprio processo? À luz desse princípio o preconceito, de qualquer ordem, é inadmissível.

O Princípio da aceitação e da alteridade não é um discurso vazio e não significa contemplação, conivência, resignação, submissão. Longe disso, é uma proposta de ação, de internalização de valores morais e de exteriorização de atitudes éticas e morais espiritualizadas influenciando a realidade exterior.

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